nota: B –

Crítica: ½  Público: ★★★
  • Título Original: Veronica Guerin
  • Direção: Joel Schumacher
  • Roteiro: Carol Doyle, Mary Agnes Donoghue (baseado numa história real)
  • Produção: Jerry Bruckheimer
  • Elenco: Cate Blanchett, Gerald McSorley, Ciárian Hinds, Brenda Fricker, etc.
  • Gênero: Drama, Biografia
  • Duração: 92 min (1h32min)
  • Classificação: 16 (BRA) / (MPAA)

O jornalismo já se mostrou diversas vezes como importante para provocar mudanças, porém, essas mudanças nem sempre vêm sem algum sacrifício, e por vezes é esse sacrifício que torna o agir da profissão tão perigoso, principalmente em certas áreas de atuação. Veronica Guerin é um exemplo de uma jornalista que morreu na prática de sua profissão e cujo trabalho foi importante para que uma mudança fosse incentivada. “O Custo da Coragem” (Dir. Joel Schumacher, 2003) se propõe a contar a história por trás das reportagens que Guerin escreveu sobre o tráfico de drogas na Irlanda, tanto na perspectiva da sua vida pessoal quanto da profissional e dos acontecimentos que eventualmente levaram ao seu assassinato.

Em termos gerais, não há muito de especial nesse filme. O que mais se destaca é a performance de Cate Blanchett, que, apesar de não ser extraordinária, se destaca entre um elenco particularmente mediano. Ciarán Hinds tem um papel coadjuvante, mas um pouco mais central que outros, como um criminoso que serve como fonte para Guerin e sua atuação também se destaca um pouco, mas não tanto quanto a de Blanchett.

O filme parece por vezes estar mais focado em ser sobre a vida de Veronica Guerin enquanto suas reportagens eram publicadas do que ser sobre o seu trabalho em si. Isso acaba virando um certo problema, principalmente para o roteiro e para o ritmo do filme. Isso porque não se vê durante o longa muitas cenas de Veronica escrevendo seus textos ou das consequências das suas publicações. Explicando dessa forma pode não parecer um problema, mas ao ver o filme, se torna um pouco estranho ver ela sentada escrevendo uma ou duas vezes e um tempo depois ela dizer que já tem mais de dez reportagens publicadas. Além disso, os chefes de gangues que ela denuncia em suas reportagens de vez em quando tentam enganá-la dando informações falsas por meio de sua fonte (Hinds). Porém, nunca vemos os resultados nem as consequências de quando essas “barrigas” que ela publica se mostram falsas.

Algo que notei durante todo o filme e não sei se, pelo fato do filme ter sido baseado numa história real, posso por na conta do roteiro, é como Guerin, pelo menos como é representada, não é nada sutil, chegando até a ser estupidamente direto ao ponto. Por exemplo, no início do filme ela tem suspeita de que uma certa pessoa é responsável pelo tráfico em certa região; ela chega na casa dele, e tenta falar com ele gritando do quintal que ela quer falar sobre o tráfico de drogas (…genial). Também pode ser questionada a quantidade de confiança que ela põe numa fonte que, além de ser um criminoso, a passa informações falsas com certa frequência durante o filme.

Foi um pouco surpreendente o fato do filme ser classificado como “restricted” (para maiores de 17) nos Estados Unidos, porque mesmo que o filme contenha algumas mortes, nenhuma delas é muito violenta e o filme parece fazer de tudo pra ser o menos violento ou explícito possível com os assuntos que trata: mostra pessoas drogadas com heroína e seringas no chão, nunca alguém usando, mostra uma gangue executando outra com cortes rápidos após os tiros para não mostrar muito sangue, entre outros momentos que me fizeram pensar que o filme estava tentando de tudo pra não conseguir um R mas de alguma forma conseguiu. Novamente, isso pode não parecer um problema, mas é algo constante e que até torna certas cenas confusas.

Outro problema são os vilões: os chefes das gangues de traficantes. Digo vilões não só porque eles são responsáveis pela morte de Guerin (o que de certa forma já seria o suficiente para considerá-los assim) mas também porque eles são retratados dessa forma a um nível que chega às vezes ao cartunesco. Isso com certeza deixa o filme um pouco mais difícil de se levar a sério.

No entanto, essa cinebiografia consegue se segurar, mesmo com seus problemas de roteiro, como um filme ok. A direção é competente, a fotografia é decente o suficiente e o longa consegue retratar bem a sua personagem central, contando com uma boa atuação e conseguindo, mesmo com problemas, contar a sua história de maneira compreensível e que destaca a relevância de seus temas.

 

 

 

 

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