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nota: B –

Público: ★★★½
  • Direção: Clarissa Campolina e Helvécio Marins Jr.
  • Roteiro: Felipe Bragança
  • Produção: Paulo de Carvalho, Gudula Meinzolt, Luana Melgaço, Luis Miñarro e Sara Silveira
  • Elenco: Maria Sebastiana, Luciene Soares da Silva, Wanderson Soares da Silva, Maria da Conceição, etc.
  • Gênero: Drama
  • Duração: 89min (1h29min)
  • Classificação: 10 (BRA)

“Girimunho” (dir. Clarissa Campolina e Helvécio Martins Jr., 2011) mostra o cotidiano de Batsu (Sebastiana), um senhora de 81 anos que vive no sertão mineiro. Após a morte de seu marido Feliciano, ela é cuidada por suas netas, “Preta” e “Branca”, e é obrigada a repensar sua rotina, lidando com sua independência, enquanto conta histórias para seus netos, vai a festas e danças, conversa com amigas de sua idade e, de vez em quando, com o seu falecido marido.

O filme é feito com um estilo documental, com as personagens sendo filmadas recriando cenas de seu dia a dia. O estilo se assemelha ao de “A Vizinhança do Tigre” (dir. Affonso Uchoa, 2016) (outro filme desta edição especial do festival Olhar de Cinema). Porém, enquanto aquele filme acerta em engajar o espectador com suas atuações, personagens e diálogos, este longa não consegue chegar em um nível de engajamento satisfatório, levando a um resultado um tanto tedioso.

Reencenando suas vidas diárias, atores amadores interpretam a si mesmos e fazem, não surpreendentemente, um bom trabalho. Como qualquer outra característica de “Girimunho”, não há nada de espetacular nas suas atuações. Contudo, são bastante naturais e genuínas, nunca parecendo que estão fazendo algo “porque tem uma câmera ali”, mas, realmente, dando a impressão de estarmos vendo suas rotinas como observadores (por mais maçante que isso possa ser às vezes).

Porém, mesmo com essa perspectiva, não é deixado muito espaço para explorar melhor as personagens. Ao final da sessão sabemos como é o cotidiano de Batsu (que parece ser o objetivo), algumas de suas memórias e  informações sobre ela, mas não muito mais que isso. Ademais, sabemos menos ainda sobre o resto das pessoas com quem ela interage. Para uma obra que parece querer focar em uma personagem central, essa simplesmente não faz um bom trabalho de desenvolvê-la.

Porém a força que este drama mantém está na sua simplicidade e em alguns de seus temas. Não há como negar que existe uma espécie de beleza na simplicidade deste filme, uma que, por tratar de temas como o passado, lembranças e a relação dos avós com os netos, carrega uma familiaridade difícil de ignorar. A fotografia (Ivo Lopes Araújo) também é bem feita e ajuda a passar essa simplicidade de uma maneira, novamente, bela, mas com um distanciamento documental que retira um pouco dessa familiaridade.

Sem possuir algo que realmente consiga engajar o espectador (com excessão de uma proximidade criada mais por seus temas do que por seu roteiro), “Girimunho” é um filme relativamente medíocre. Contém boas atuações e fotografia, mas é em geral maçante e não prende o interesse, maior problema do filme.

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